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Um ano após a morte de Niki Lauda devido a complicações renais, seu grande pupilo nos últimos anos relembrou momentos renais com o tricampeão: Lewis Hamilton chegou à Mercedes para a temporada de 2013 graças a uma atuação de bastidores intensa do austríaco, então presidente não-executivo da equipe.
O inglês destacou uma singela atitude de Lauda nos momentos das vitórias.
– Ele estava sempre pensando em como podíamos melhorar. O maior sinal de Niki era que, se você fizesse o trabalho, ele tiraria o chapéu (em raríssimas ocasiões, o austríaco tirava o boné vermelho, usado regularmente para não mostrar as cicatrizes das queimaduras pelo acidente de 1976, em Nürburgring). Para ele, era dizer: “Muito bem!” Conversávamos frequentemente após as corridas e ele perguntava coisas como: “Ei, Lewis, o que você precisa para ser melhor? O que você precisa?” Ele estava sempre correndo atrás. Se eu aprendesse alguma coisa com ele, seria isso – disse Hamilton.
Remembering Niki ❤️ pic.twitter.com/BOXUsUHn3K
— Mercedes-AMG F1 (@MercedesAMGF1) May 20, 2020
Hamilton também destacou os ensinamentos de Lauda, não exatamente em como pilotar, mas sobretudo no trabalho de bastidores com mecânicos e engenheiros.
Na Mercedes, com Lauda, Hamilton conquistou os títulos de 2014, 2015, 2017 e 2018, este último como Niki afastado desde a metade do campeonato devido a um transplante do pulmão.
– Como piloto e dentro de uma equipe, você naturalmente tem que trabalhar juntos, mas precisa liderá-lo. Você tem de liderar a equipe, tem de fazer as perguntas, precisa cavar fundo e empurrar todo mundo.
Niki me ensinou como abordar isso em um ambiente de trabalho e eu gosto de pensar que sou capaz de aplicar isso todos os dias, na minha vida cotidiana de corrida. Sou grato pela oportunidade e sempre amarei Niki. Sei que ele está conosco em todas as corridas em espírito.
Hamilton voltou a comentar bastidores de como foram as negociações para se transferir da McLaren para a Mercedes. Lauda teve participação direta nas tratativas e foi fundamental para convencer o inglês a mudar de equipe. Na época a McLaren era mais competitiva, e Niki teve de vender o projeto de longo prazo da Mercedes para concretizar a mudança:
– Provavelmente, as melhores lembranças que tenho são das primeiras conversas. Começamos a conversar em 2012 e lembro de estar em casa durante o dia, recebendo uma ligação de Niki e ele tentando me convencer a fazer parte da equipe. Foi muito legal receber uma ligação de um campeão e um ícone como Niki.
Definitivamente, ter o apoio de alguém como Niki exige enorme quantidade de respeito e mostra que há respeito mútuo. Pensei que talvez ele não me valorizasse necessariamente como piloto, mas sim. Depois nos sentamos juntos em Singapura, ele veio ao meu quarto e tivemos uma boa conversa. Acho que foi nessa época que Niki falou: “Oh meu Deus, você é igual a mim de muitas maneiras. Na verdade, temos muito mais em comum do que eu imaginava e supunha”.