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ALMT - Posto TRE - Abril

PRESTAÇÃO DE CONTA

Deputado volta a cobrar governo sobre destinação de recursos federais para a saúde

GABRIELA BOMDESPACHO VON EYE/ASCOM
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Fablicio Rodrigues

Desde o dia 25 de março, os cidadãos mato-grossenses vivem em um estado de calamidade pública, em razão dos impactos no sistema de saúde, provocados pela pandemia do coronavírus (Covid-19).

No mês de julho, a situação da saúde pública no estado, que já não era das melhores, ficou ainda pior quando os hospitais situados em Mato Grosso atingiram 100% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Além da superlotação nos leitos de UTI, dezenas de pessoas, já com liminares nas mãos, assinadas por um juiz, dando a elas o direito ao atendimento nos hospitais, aguardam em uma fila de espera. Ou seja, não há vagas em todo o estado, nem rede pública e nem na privada.

“Desde o dia em que o meu marido começou a sentir os sintomas da doença, iniciou-se a nossa corrida por uma vaga de UTI, que só conseguimos três dias depois, quando os rins dele já não estavam mais funcionando”, lamenta a esposa de Francisco, Jussara, que passou pela dor do sofrimento de perder o marido no dia 14 de julho, em Cuiabá.

“Por que o governador Mauro Mendes, sabendo que o coronavírus chegaria em Mato Grosso, não se preparou, não elaborou um plano de ação para prevenir e combater a doença, não investiu na compra de medicamentos, em material e equipamentos hospitalares, nas instalações, reformas e ampliações de hospitais e na contratação de pessoal?”, pergunta a jovem Tânia Miranda, filha da aposentada Ana Maria , 65, que faleceu sem conseguir uma vaga de UTI em Cuiabá.

O deputado estadual Elizeu Nascimento (DC) tem cobrado, veementemente, esclarecimentos do governador Mauro Mendes a respeito da destinação dos recursos enviados pelo governo federal para serem investidos na saúde pública, visando o combate ao coronavírus em Mato Grosso. O parlamentar apresentou um requerimento na sessão extraordinária, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), no dia 29 de junho, exigindo explicações por parte do governo sobre qual foi a destinação dos R$ 471,46 milhões já recebidos para a saúde. O  secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, ainda não se pronunciou e o prazo para a prestação de contas termina no fim deste mês.

Elizeu Nascimento acusa a gestão estadual de ter minimizado os efeitos do coronavírus, por subestimar a doença e não desenvolver ações eficazes contra a disseminação da pandemia no estado.

“A Secretaria Estadual de Saúde (SES) poderia ter aproveitado as estruturas do novo Hospital Universitário Júlio Müller, reformado e reativado o hospital São Thomé e o Hospital Central, que estão com suas obras abandonadas há anos, em Cuiabá. Eu não tenho nenhuma dúvida que se esses hospitais estivessem funcionando poderiam ajudar a reduzir o número de mortes no estado, que já passou de mil, mas, infelizmente, o governador foi omisso, subestimou o coronavírus e hoje a população mato-grossense está pagando com a própria vida o descaso do governo de Mato Grosso, com a saúde do povo”, aponta Nascimento.

Sobre os hospitais citados, o Novo Hospital Universitário Júlio Müller está com a construção abandonada há mais de 5 anos, desde setembro de 2014, e R$ 72 milhões já foram gastos na obra. De acordo com o projeto, se o hospital tivesse sido concluído, teria capacidade para 250 leitos, 23 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para adultos, 16 UTIs pediátricas, 20 UTIs neonatal, 26 leitos pré-atendimento, além de uma farmácia e laboratório.

Hospital São Thomé  – O prédio do Hospital São Thomé foi adquirido pelo governador Blairo Maggi, por R$ 1,9 milhão, para ser transformado em um hospital de referência no tratamento de doenças tropicais, como hanseníase, aids, tuberculose, malária, dengue, leishmaniose, hepatite, meningite e outras doenças infectocontagiosas. Segundo informações divulgadas na imprensa, na época da compra do prédio, o hospital só precisava de uma pequena reforma e adequações nas instalações para poder receber pacientes.

No entanto, o projeto não saiu do papel e está fechado desde o mês de dezembro de 2003 (há 16 anos). Atualmente, o imóvel  está abandonado.

Hospital Central – Outra obra abandonada em Cuiabá é a do Hospital Central, nesse caso, parada há mais de 34 anos.

No dia 24 de abril de 2020, o governo anunciou, na imprensa local, a retomada das obras do Hospital Central, prevendo gastos de R$ 102 milhões na construção. A obra, que foi lançada em 1984, localizada no Centro Político Administrativo, em Cuiabá, começou em 1985, mas foi paralisada após indícios de desvio de dinheiro público.

O objetivo do governo, na época, era proporcionar um atendimento de referência em alta complexidade nas especialidades de traumatologia, ortopedia e urgência e emergência para a população, contudo 34 anos já se passaram e a obra não foi concluída. Se estivesse pronto, o hospital teria 290 leitos; destes, 60 para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 230 leitos para enfermarias e cuidados intermediários e ainda 10 salas para cirurgias.

A construção do Hospital Central, lançada em 1984, foi paralisada em 1987. Em 1992, foi retomada pela gestão estadual e parou novamente. Em 2004, voltou a ser retomada pelo governo, porém logo teve os trabalhos interrompidos.

Atualmente, as estruturas desses hospitais estão abandonadas pelo poder público, sem nenhuma manutenção ou conservação. Se as obras dos hospitais não forem concluídas e entregues à população, todos os recursos financeiros que já foram investidos nas construções serão perdidos.

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