DA REDAÇÃO / LEONARDO MAURO
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A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar do Estado de Mato Grosso (ASSOF), soltou uma nota de repúdio, nesta quinta-feira (23), após o governador Mauro Mendes (DEM), criticar o Ministério Público Estadual (MPE) e dizer que a polícia, atira primeiro e pergunta depois.
A Assof disse ainda que, “a declaração infeliz do Governador Mauro Mendes está revestida de preconceito e ignorância do treinamento, preparo, profissionalismo e formação da polícia, em especial da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso”, diz trecho do repúdio.
Mendes foi questionado se teme ser penalizado mais à frente em razão de aquisições feitas em meio à pandemia e que, por vezes, tem custos superiores aos encontrados em períodos de normalidade.
“Eu, particularmente, não tenho essa preocupação. Por que quando você tem a consciência que está fazendo a coisa correta, em tese, você não tem que se preocupar […] Se tem dúvida, vai lá, pergunta ao gestor, pede esclarecimento antes de fazer aquelas coisas espetaculosas como algumas vezes já vimos por aí acontecendo. Como se fosse a polícia, atira primeiro e pergunta depois”, emendou o governador.
Veja a nota de repúdio
NOTA DE REPÚDIO DA ASSOF PELAS DECLARAÇÕES DO GOVERNADOR MAURO MENDES
A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar do Estado de Mato Grosso – ASSOF vem a público manifestar a contrariedade e o nosso repúdio com as declarações dadas pelo Governador de MT Mauro Mendes em uma entrevista à Rádio Capital FM na data de 22/05/2020. Na entrevista Mauro Mendes estaria reclamando da atuação dos promotores de justiça que na sua opinião, denunciavam e tomavam providências contra gestores públicos, sem antes conversar eles.
Nessa linha, o governador disse então que se o Ministério Público “tem dúvidas, vai lá, pergunta ao gestor e pede esclarecimento antes de fazer aquelas coisas espetaculosas como algumas vezes já vimos por aí acontecendo. COMO SE FOSSE A POLÍCIA, ATIRA PRIMEIRO E PERGUNTA DEPOIS”. A declaração infeliz do Governador Mauro Mendes está revestida de preconceito e ignorância do treinamento, preparo, profissionalismo e formação da polícia, em especial da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso.
O governador se esquece, mas aproveitamos a oportunidade para lembrá-lo que é polícia que realiza a segurança particular sua e de sua família e pelo que temos conhecimento, nunca atirou em alguém ou realizou qualquer ação inconsequente e despreparada, durante a realização de sua segurança.
Gostaríamos também de lembrar ao governador que é a polícia que garante a segurança das pessoas de nosso Estado, realizando rondas e abordagens diuturnamente e recolhendo pessoas que se encontram com alguma irregularidade as delegacias, sem atirar ou atentar contra a vida de ninguém. Para se ter uma ideia, a Polícia Militar atende em média 200 ocorrências diárias e as ocorrências com disparo de arma de fogo, não chegam nem a 2% desse número, ou seja, são exceção a rotina do serviço.
É frustrante imaginarmos que o Governador do Estado tem uma imagem ruim de nossa polícia, más isso talvez explique os baixos investimentos em equipamentos, a não realização de concurso público para novos policiais militares e as péssimas condições de trabalho que temos experimentado nos últimos anos, como por exemplo o não recebimento de fardamento.
Apesar de todos esses óbices na qualidade de entidade de classe dos Oficiais da Polícia Militar de Mato Grosso, temos a tranquilidade de garantir a sociedade Mato-grossense que a polícia militar continuará trabalhando em defesas das pessoas de bem de nosso Estado, zelando pela sua vida e de seus familiares, mantendo longe de Mato Grosso os assaltantes do novo cangaço, impedindo a entrada de drogas e armas na fronteira com a Bolívia e ajudando o desenvolvimento do nosso Estado promovendo a segurança de nossa população em qualquer vila, distrito ou cidade.
Cuiabá (MT), 23 de julho de 2020.
BENEDITO MARIO DE MORAES SOUZA – CEL PM RR
PRESIDENTE DA ASSOF
O outro lado
O procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges, classificou como “infeliz” a comparação feita pelo governador, ao criticar alguns procedimentos do MPE. Na avaliação do procurador, a declaração, além de inadequada, expõe a Polícia a uma situação de constrangimento.
“Foi uma forma infeliz de ele comparar a Polícia como se fosse uma Polícia de abuso, autoritária. Aí a responsabilidade seria até dele, né? Ou uma conivência com o abuso de autoridade, que sei que ele não tem”, disse Borges.
“Por isso digo que foi uma fala infeliz e que acabou colocando a corporação, da qual ele é o comandante geral, numa situação delicada, constrangedora”, emendou.
Segundo o procurador, embora existam casos de abuso de autoridade cometidos pela Polícia ou mesmo por parte do MPE, isso não pode ser tratado como uma regra.
“Você não pode trazer exceções à regra. Se tiver maus policiais, naturalmente a própria corporação tomar medidas por meio de sua Corregedoria. E o próprio MPE, por abuso de autoridade. Mas isso é exceção, não é regra”, argumentou.
“O MPE não é do governo e nem é da oposição. Não tem partido. Ele faz sua função de órgão de controle de Estado, seja de governos passados ou presente. Acho que não era essa a intenção do governador, atacar nem a Polícia e, nem o MPE”. (Com informações do site MidiaNews)