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TRAGÉDIA NO ALPHAVILLE

Juiz sobe para R$ 52 mil fiança de pai de adolescente que matou amiga

Fantástico

O juiz João Bosco Soares da Silva, da Décima Vara Criminal, subiu de R$ 10 mil para R$ 52,2 mil o valor da fiança para o pai da adolescente que matou a amiga Isabele Guimarães, com um tiro acidental, no dia 12 de julho em um condomínio de luxo, em Cuiabá.

A decisão é desta segunda-feira (3).

O empresário havia sido preso em flagrante por posse ilegal de arma e foi solto após pagar fiança de R$ 1 mil. O advogado da família informou que a defesa só vai se manifestar no prazo legal após a denúncia do Ministério Público.

Depois, a Justiça havia imposto, a pedido da família da vítima, o valor de R$ 209 mil, que acabou derrubada alguns dias depois pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Rondon Bassil Dower Filho.

Na recente decisão, o juiz aceitou o argumento da defesa do empresário a respeito da situação financeira dele.

“O investigado é empresário e está passando por severa dificuldade de liquidez financeira em período de pandemia, o que está afetando a todos. Como comprova a documentação anexa, a empresa do investigado no ano de 2020 faturou menos de um terço do que havia faturado até julho do ano passado, sendo que no corrente ano acumula prejuízo de R$ 636 mil”, consta trecho da decisão.

Família e amigos colocaram homenagens, flores e bichos de pelúcia na frente da casa onde Isabele Ramos, de 14 anos, foi morta em Cuiabá — Foto: Arquivo pessoal

A defesa também declarou que o empresário contraiu dois empréstimos bancários no valor total de R$ 500 mil.

“Continuo a sustentar, também, que o valor da fiança fixado pela autoridade policial, no importe de R$ 1 mil, é irrisório, incompatível com a realidade financeira do averiguado que, em sua manifestação reconheceu, ser empresário, residente em condomínio de alto padrão, proprietário de automóveis, incluindo carro esporte importado, e também de aeronave, que alega estar fora de uso, em razão de avarias”, lembrou o juiz.

O magistrado também salientou que o conjunto de armas encontrado na casa onde o crime ocorreu já evidencia a ‘capacidade econômica e financeira’ dele.

Pai preso e indiciado

O pai da adolescente que atirou tinha sete armas em casa. Ele também foi ouvido pela polícia um dia após o caso e chegou a ser preso por não ter documento de duas armas, mas foi liberado após pagar fiança.

Na semana passada ele foi indiciado pela Polícia Civil por posse e porte ilegal de arma, e também por ter fornecido a arma a filha dele.

Entenda o caso

A situação ocorreu por volta de 22h30 do dia 12 de julho em um condomínio de luxo localizado no Bairro Jardim Itália.

O advogado da família da adolescente que efetuou o disparo, Rodrigo Pouso, explicou que o pai da suspeita do tiro acidental estava na parte inferior e pediu para que a filha guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele.

A adolescente pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu obedecendo ao pai. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada.

Segundo o advogado, uma das armas caiu no chão e a adolescente tentou pegar, mas se desequilibrou e o objeto acabou disparando.

A menina negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto para a amiga.

Praticante de tiro

As duas famílias, a da adolescente que disparou, e a do namorado dela praticam tiro esportivo.

A Federação de Tiro de Mato Grosso (FTMT) disse que a adolescente que matou a amiga é praticante de tiro esportivo há pelo menos três anos.

Segundo a federação, o pai e a menina participavam das aulas e de campeonatos há três anos. Os nomes deles constam nos grupos, chamados ‘squads’, que participavam das competições da FTMT.

Outros membros da família também participavam desses grupos e praticam o esporte.

O advogado da família contestou a informação e afirmou que a adolescente praticava o esporte há apenas três meses.

A promotoria que dá apoio na investigação do caso pediu à Polícia Civil de Mato Grosso que investigue a conduta do presidente da Federação de Tiro de Mato Grosso, Fernando Raphael Oliveira.

Mãe de Isabele

Patrícia Ramos, mãe de Isabele, prestou depoimento por duas horas na Polícia Civil. Ela disse que relatou tudo do ponto de vista dela e que agora espera que a justiça seja feita.

Patrícia Ramos, mãe de Isabele, compareceu na delegacia em Cuiabá para prestar depoimento — Foto: TV Centro América

Em entrevista, Patrícia também contou como recebeu a notícia da morte da filha.

“Fui chamada pela mãe da menina, que me disse que teria acontecido um acidente, houve um disparo e teria envolvido minha filha. Desesperada, saí de casa, aos prantos, sem saber o que tinha acontecido. Aquele dia a Isabele tinha saído de casa porque ela queria fazer um bolo com as amigas”, conta.

Ao entrar na residência vizinha, Patrícia contou que foi direto ao banheiro, onde disseram que Isabele estava, e encontrou a filha no chão. Junto dela estava o pai da menina que havia feito o disparo. Ele tentava prestar os primeiros socorros.

Ao perceber que a filha estava morta, Patrícia saiu do banheiro e tentou conversar com as pessoas que estavam na casa.

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