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PESQUISA

Filtro do carvão de bambu pode levar água potável a comunidades

Reprodução

Levar água potável a abaixo custo, este é objetivo de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Acre (Ufac) que usa o bambu amazônico, também conhecido na região como taboca, como matéria-prima para tentar levar água potável a comunidades isoladas do estado.

A ideia é a criação de um filtro de baixo custo, usando o carvão do bambu. Já que o acesso à água potável ainda é uma realidade em comunidades ribeirinhas e indígenas no Acre, a pesquisa pode mudar esse cenário.

“Nós tivemos a ideia porque o bambu, em si, a terceira maior floresta de bambu no mundo fica no Brasil e 80% dessa floresta do bambu está no Acre e, infelizmente, é considerada uma praga o bambu porque quase não tem utilidade. Então, nós pensamos em usar algo que é considerado uma praga em algo útil para a sociedade em si”, conta o pesquisador e doutorando Dawerson Paixão, responsável pela pesquisa.

A ideia do estudo é usar uma tecnologia barata e acessível para levar água às comunidades ribeirinhas e indígenas do Acre.

“A nossa proposta é fazer efetivamente um filtro, nós coletamos a água, inclusive, da lagoa da Ufac, simulando como se fosse realmente em um lago, um ribeirinho em si. A partir daí, vamos fazer o processo do filtro mesmo com algodão, carvão, areia e pedra. Fazer realmente um filtro natural, barato para que o ribeirinho tenha condição de produzir isso”, acrescenta Paixão.

Processo

O pesquisador explica que transformou o bambu em carvão em três temperaturas diferentes, aumentou os poros do carvão e inseriu nanopartículas de óxido de ferro e de prata. O ferro é usado para absorver materiais pesados e a prata é antibactericida para deixar a água potável. O experimento foi feito com o carvão criado em temperaturas de 400, 500 e 600 graus e duas amostras se destacaram.

“Então, nós tivemos no total 12 diferentes amostras e com uma série de testes, de pesquisas sobre eles acabaram se destacando dois, que por sorte os dois são de 400 graus. Ou seja, gastamos energia para produzi-lo. Os dois também foram ativados com acetato e, no caso, um deles está com nanopartícula de óxido de ferro e outro com nanopartículas de prata”, explica.

Abastecimento

Em 2020, o governo do Acre pediu apoio ao Exército para conseguir instalar 53 sistemas de abastecimento em comunidades ribeirinhas e indígenas. O investimento chegava a R$ 8,5 milhões.

Mas, por causa da pandemia de covid-19, as obras não puderam ser feitas já que o acesso às aldeias está restrito. As obras vão ser feitas em aldeias nos municípios de Jordão e Marechal Thaumaturgo.

O pesquisador diz que existem comunidades com projetos de água potável, mas, em muitos casos, os próprios indígenas não tomam devido o gosto de cloro, problema que não existiria com o filtro natural.

A pesquisa chegou à fase de análise da água que foi filtrada para saber se o produto é ideal para o consumo e a partir daí ser levado para as áreas afastadas.

“Tendo essa aprovação, praticamente é só produzir em si. Isso aí não tem segredo, é algo simples de fazer, as próprias nanopartículas são fáceis de produzir e barato, assim como a ativação do carvão e a matéria-prima, que é a taboca, que a gente encontra é algo simples de se fazer, vamos dizer assim”, conclui.

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ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO

  • 16 de março de 2021 às 18:34:16