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ALMT - Posto TRE - Abril

SISTEMA BIOLÓGICO

Cientistas convertem garrafas plásticas em essência de baunilha

George Becker no Pexels

Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, conseguiram transformar garrafas de plástico em essência de baunilha usando bactérias geneticamente modificadas. É a primeira vez que um produto químico valioso foi fabricado a partir destes resíduos. O estudo foi publicado no Journal Green Chemistry.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a transformação de garrafas plásticas em materiais mais lucrativos pode tornar o processo de reciclagem muito mais atraente e eficaz. Atualmente, os plásticos perdem cerca de 95% de seu valor como material após um único uso. Incentivar uma melhor coleta e uso de tais resíduos é a chave para enfrentar o problema global da poluição do plástico.

Em 2016, um grupo de pesquisadores japoneses descobriu uma bactéria que cresce no PET (polietileno tereftalato), o material das garrafas de refrigerante, e se alimenta parcialmente do polímero tão difícil de degradar.

Em 2016, uma equipe de pesquisadores japoneses descobriu que a bactéria Ideonella sakaiensis possui duas enzimas especiais, PETase e MHETase. A PETase decompõe o plástico em blocos de construção de PET menores, principalmente o MHET, e a MHETase divide esse MHET em dois blocos precursores básicos do PET, o ácido tereftálico (AT) e o etilenoglicol.

Agora, os cientistas da Universidade de Edimburgo estão usando bactérias E. coli geneticamente modificadas para converter o ácido tereftálico em vanilina, principal componente do extrato da semente de baunilha. O processo é capaz de converter 79% do AT em vanilina.

A equipe pretende fazer ajustes nas bactérias para aumentar ainda mais a taxa de conversão, além de ampliar o processo para converter grandes quantidades de plástico. Outras moléculas valiosas também podem ser fabricadas a partir de TA, como algumas usadas em perfumes.

A vanilina tem ampla aplicação na indústria de alimentos e cosméticos, mas cerca de 85% do produto é sintetizado a partir de combustíveis fósseis. E, para piorar, sua demanda global está crescendo.

Ao The Guardian, Joanna Sadler, principal autora do estudo, afirmou que “este é o primeiro exemplo de uso de um sistema biológico para transformar resíduos de plástico em um produto químico industrial valioso, com implicações muito interessantes para a economia circular”.

Para Ellis Crawford, da Royal Society of Chemistry, “este é um uso realmente interessante da ciência microbiana para melhorar a sustentabilidade. Usar microrganismos para transformar resíduos plásticos, que são prejudiciais ao meio ambiente, em uma mercadoria importante é uma bela demonstração de química verde”.

Cerca de 1 milhão de garrafas de plástico são vendidas a cada minuto em todo o mundo, e apenas 14% delas são recicladas. Atualmente, mesmo as garrafas recicladas só podem ser transformadas em fibras opacas para roupas ou tapetes.

Pesquisas recentes mostraram que as garrafas são o segundo tipo de poluição de plástico mais comum nos oceanos, depois das sacolas plásticas. Por isso, iniciativas como essa são fundamentais para combater a poluição por plásticos, um dos problemas ambientais mais críticos do nosso tempo.

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