SUELEN ALLIEND
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A saúde de Cuiabá passa, sim, por dificuldades. Passa, como todos os segmentos de saúde passam, desde a iniciativa privada, planos de saúde e saúde pública, do país inteiro, principalmente por questões de financiamento. Mesmo assim, em momento algum parou de atender ou fechou qualquer uma de suas unidades.
A verdade é: está muito longe de ser chamado de caos. O caos aconteceria se Cuiabá resolvesse assumir somente os serviços que legalmente são responsabilidades da gestão de saúde municipal, cuidar da nossa população, ou seja, não pactuando mais os serviços que estão contratualizados até o momento e devolvendo todas as pactuações dos outros municípios para o Estado. Dessa maneira, o Estado se responsabilizaria em organizar esses serviços para os outros municípios, e Cuiabá cuidaria apenas da sua própria população. Já imaginaram esse cenário? Isto, sim, seria o verdadeiro caos!
Mesmo diante de todas as dificuldades, nunca quisemos chegar a este ponto, como aconteceu no município de Rondonópolis, que devolveu as pactuações ao Estado e atualmente atende apenas seus munícipes. Esta decisão prejudicou muito o atendimento de saúde de toda a regional. A responsabilidade de organizar os serviços para os municípios é do Estado e não de Cuiabá. Se estes serviços não estão organizados dentro dos municípios de Mato Grosso, a responsabilidade é do Estado, o condutor da organização de toda a política de saúde no âmbito estadual.
Se a saúde de Cuiabá estivesse um caos, não teríamos altos números de atendimentos, consultas, exames e cirurgias, além de internações nos leitos de UTI adulta e pediátrica, onde passam tantas pessoas por dia. A rede municipal da capital realiza cerca de 65 mil procedimentos diários, nos mais variados níveis de atenção.
Para se ter uma ideia, 41,55% de toda a produção hospitalar de Cuiabá no âmbito da saúde pública é de pacientes de outros municípios. O número da produção ambulatorial é ainda maior: 64,78% desses atendimentos são de pessoas de outros municípios.
Se a saúde pública de todo o Estado estivesse organizada como tanto falam, qual é a justificativa desta demanda tão alta de atendimentos de pacientes advindos de outros municípios na capital, uma vez que deveriam ser atendidos nas suas regiões? A justiça precisa considerar este cenário e avaliar os dados.