DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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Em quatro meses, de agosto a dezembro de 2022, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) atendeu 1.800 pacientes mato-grossenses que aguardavam por cirurgias eletivas. Deste total, 30% é proveniente de cidades do interior de Mato Grosso. Outros 9.403 pacientes do interior ainda estão na fila aguardando a oportunidade para serem atendidos.
“Esta é a primeira vez em todo o estado de Mato Grosso que tantas pessoas conseguem ser operadas em apenas 4 meses. Não há nenhuma unidade pública no estado que tenha feito tantas cirurgias como fizemos aqui ”, revelou o médico responsável pelas equipes de cirurgias, Douglas Dolce Domingues.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde tem uma única fila para a realização de cirurgias em cada Estado. Como Cuiabá é o município que conta com o maior e mais moderno hospital público do Estado, um grande número de pessoas é regulado via Central de Regulação para a capital. A Central de Regulação reúne servidores do Estado e Município.
Solange Dourado dos Santos, 54 anos, moradora de Acorizal, é uma das pacientes que aguardava ser chamada para cirurgia de vesícula. “Esperei mais de três anos na fila e foi um período que sofri demais com dores. Este mutirão de cirurgias foi uma benção, graças a Deus. Em outubro do ano passado fiz a cirurgia, ocorreu tudo bem. Fui muito bem atendida, só agradeço a Deus e à equipe que fez o procedimento. Se não fosse esse mutirão, talvez eu estivesse ainda esperando”, declarou Solange.
Depois de 8 anos de espera, o senhor José Carlos, 51 anos, de Sinop foi submetido ao procedimento cirúrgico em Cuiabá. “Descobri uma hérnia no estômago durante exames de rotina. E o médico optou por operar enquanto eu ainda era novo, para não complicar quando eu tivesse mais idade. Esperei 8 anos e, em outubro do ano passado fui chamado e fiz a cirurgia no antigo Pronto Socorro de Cuiabá. Graças a Deus foi tudo bem”, explicou, ao relatar que um amigo dele em Sinop aguarda na fila, sem saber quando vai ser chamado, sendo que “a situação é de dar dó”. Isso porque, a hérnia também é no estômago e a barriga está muito grande, inchada, segundo o morador de Sinop.
Sofrimento é a palavra descrita por Veriana da Silva, 60 anos, moradora de Várzea Grande, ao longo dos três anos que ficou na fila de espera para cirurgia. Operada na mesma época que Solange e José Carlos, Veriana tinha uma hérnia no umbigo que estava “a ponto de estourar”, afirmou uma irmã da paciente. “Ela já tinha feito uma fez no Hospital Júlio Muller uma cirurgia do umbigo e precisou colocar uma tela para proteger, mas com a rotina de trabalho essa tela se rompeu e o umbigo dela saltou para fora. Ela não tinha roupa que servia, ficou feio, sem falar nas dores terríveis que ela sentia”, disse a irmã de Veriana.
As cirurgias eletivas em espera enquadram cerca de 70 tipos de procedimentos cirúrgicos. Entre eles, de vesícula, varizes, vasectomia, laqueadura, histerectomia (retirada do útero), hernioplastia (hérnia na parede abdominal), esplenectomia (retirada do baço), ureterolitotomia (cálculos no ureter, canal que leva urina do rim para a bexiga), entre tantas outras especificidades cirúrgicas.
Vale ressaltar que a ação foi realizada de agosto a dezembro do ano passado e aguarda a retomada em 2023. O objetivo é tirar mais de 11 mil pessoas de todo estado que aguardam na fila algum tipo de procedimento cirúrgico.