O número de homicídios dolosos que vitimaram jovens com idade entre 15 e 25 anos teve um crescimento de quase 39% em Mato Grosso, em 2022 — uma média de 22 mortes por mês. No ano passado, foram 271 jovens assassinados, número bem maior que em 2021, quando foram registradas 195 mortes. Os dados são do Observatório de Segurança, da Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp-MT).
A Secretaria Adjunta de Operações Integradas informou que, nos últimos anos, mais de 300 operações de combate à repressão aos crimes de homicídios e tráfico de drogas foram realizadas para prevenir o aumento de ocorrências, contribuindo também para o esclarecimento dos crimes. Já o Conselho da Juventude de Mato Grosso (Conjuv/MT) trabalha com o Poder Público para levar cidadania aos jovens, principalmente do interior e da periferia, e mantê-los longe da criminalidade.
Crimes no interior
O jovem Antônio Gabriel Leite de Castro, de 19 anos, foi encontrado morto em março do ano passado, em Tapurah, a 428 km de Cuiabá. Segundo a polícia, o corpo estava na zona rural do município, com mãos e pés amarrados. O inquérito policial foi finalizado com o indiciamento de quatro homens, uma mulher e participação menores.
Também em Tapurah, foram registradas as mortes de Riquelme Souza Félix, de 22 anos, e Joel Pereira da Silva, de 26 anos, em abril de 2022. Os dois foram confundidos, segundo a polícia, com integrantes de uma facção criminosa. Cinco pessoas, sendo dois adolescentes, foram indiciados pelo crime.
Segundo o delegado Guilherme Pompeo Pimenta Negri, responsável pelas investigações, as vítimas não faziam parte dos grupos criminosos.
“Tudo que investigamos encaminhamos para o fórum em relatório policial. Todos os executores estão presos e pela nossa investigação, as vítimas não eram integrantes de outra facção”, explicou ao g1.
Primos mortos
Os primos Thaynara Chrystini dos Santos Silva e Carlos Henrique da Silva Souza, ambos de 20 anos, também foram encontrados mortos em maio de 2022, em Barra do Bugres, a 169 km de Cuiabá. Os primos ficaram mais de dois meses desaparecidos, após serem vistos pela última vez na parte externa de um ginásio poliesportivo da cidade, onde ocorriam jogos escolares.
Os corpos das vítimas foram encontrados em estado avançado de composição, enterrados em uma região de mata. A Polícia Civil concluiu o inquérito em junho e três pessoas foram presas crime.
Efeito pandemia
Para o presidente do Conselho da Juventude de Mato Grosso (Conjuv/MT), Daniel Vitor, o número expressivo de mortes de jovens ainda é um reflexo da pandemia.
“A juventude brasileira e do nosso estado ficou extremamente afetada em todos os sentidos. Os dados apresentados mostram que, infelizmente, ainda precisamos caminhar muito em relação às políticas públicas voltadas à juventude”, disse.
Em relação aos números expressivos do interior do estado, Vitor entende que o Poder Público precisa atuar para combater as organizações criminosas.
“No interior, a situação fica mais gritante. É onde, infelizmente, as facções criminosas tomam conta do espaço. Já fizemos inúmeras visitas aos municípios de orientações aos gestores e a principal demanda apresentada é essa. Precisamos de fato ter um entendimento real no que se tange a juventude, porque enquanto o Poder Público tratar essa situação como casos simples e os gestores locais não cobrarem, as mortes de jovens vão ser tornar mais gritantes ainda e continuarão acontecendo”, pontou.
Segundo Vitor, o conselho tem feito inúmeras reuniões e convocado secretarias estaduais, solicitado dados para formular proposta e combater os crimes envolvendo jovens, principalmente da periferia.
“Temos um papel fundamental de provocar os gestores municipais para fazerem o mesmo e façam um grande alerta à população. Precisamos da juventude inserida nos espaços, na educação, no esporte, no mercado de trabalho. Acredito que, só assim, conseguiremos amenizar algumas situações. Precisamos também, de fato, ter um olhar minucioso às facções criminosas, precisamos ter instrumentos urgentes que possam combater esses crimes”, acrescentou.
O que diz a Secretaria de Segurança Pública
Conforme a Secretaria Adjunta de Operações Integradas, da Sesp-MT, nos últimos anos, mais de 300 operações de combate à repressão aos crimes de homicídios e tráfico de drogas foram realizadas para prevenir o aumento de ocorrências, contribuindo também para o esclarecimento dos crimes.
A Secretaria-adjunta de Operações Integradas(Saiop) da Sesp-MT, informa que nos últimos quatro anos foram realizadas cerca de 300 operações integradas das forças policiais voltadas à repressão aos crimes de homicídio, roubo, tráfico de droga.
Reforça que essas ações têm como objetivo o fortalecimento do trabalho contínuo de prevenção e repressão, bem como contribuir para o esclarecimento de várias modalidades de crime.
Lembra que as operações, assim como outras ações policiais da Segurança Pública, são planejadas e executadas com base em dados estatísticos e análises criminais, visando a eficiência e a melhoria da qualidade de vida da população mato-grossense.