Dia dos Povos Indígenas: Eunice Baía, a Tainá dos filmes, é estilista e mãe de dois filhos

19 de abril de 2023 - 10:09

Reprodução/Instagram

Se tem um filme que marcou a infância das crianças e jovens dos anos 2000, esse sem dúvidas é “Tainá – Uma Aventura na Amazônia“. A jovem indígena que convive intimamente com a floresta e os animais foi interpretada por Eunice Baía.

Mais de duas décadas depois do primeiro longa, Eunice hoje tem 32 anos e é mãe de dois meninos: Aruã, o caçula, e Antonio. Longe das câmeras, ela se encontrou no mundo da moda e trabalha como estilista e produtora de figurinos em teatros. No Dia dos Povos Indígenas, em entrevista ao gshow, a atriz conversou sobre maternidade, o desejo de voltar a atuar e a crise que atinge o povo Yanomami.

Atuação 🎥

Para ganhar o papel de Tainá, Eunice Baía enfrentou uma peneira que contava com mais de 3000 crianças de todo o Brasil. Além dos filmes da indígena, ela ainda participou do “Sítio do Picapau Amarelo” em 2002, no papel de Maíra, da minissérie “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes“em 2007 e do curta “Aguasala“, de 2011.

Longe das telas, Eunice seguiu a carreira de estilista, que era o seu sonho, mas voltou a atuar em 2021 no filme “Trovão Sem Chuva“. Naquele ano, ela estava grávida de Aruã e revelou em uma entrevista ao gshow que recebia convites, mas amava ter a liberdade e a privacidade longe dos holofotes.

Porém, quase dois anos depois, os desejos da ex-atriz mirim mudaram e que agora está se preparando para retornar de vez aos sets de produção.

“Estou estudando bastante, para quem sabe, mais para a frente, conseguir algum papel. Por enquanto não fui chamada para nada, mas quero, sim, voltar para as telinhas. Quem sabe uma novela. Eu adoraria, com toda certeza”, revelou.

Maternidade 👩‍👦‍👦

Apesar de algumas coisas terem mudado, outras continuam a mesma, como o desejo de ter bastante filhos, assim como sua mãe, que teve nove. Em 2021, Eunice revelou querer ser mãe de três crianças. Hoje, com duas crianças em casa e mais madura, não sabe se conseguirá realizar o sonho.

“O desejo é uma coisa que a gente tem. Eu nasci com isso, com essa vontade de ter muitos filhos. Mas a realidade é outra, né!? Eu trabalho e não está tão fácil assim. Não é tão fácil conciliar trabalho com a família”, desabafou.

“Quando eu tive o Antonio lá atrás, eu tinha 22 anos. E eu vi a diferença de ter o Aruã agora com 31 anos. O corpo já não é mais o mesmo e o pique também não é mais igual. Não sei se vem mais um não.”

Eunice contou também se o filho mais velho, Antonio, já entende que a mãe foi a protagonista de um importantíssimo longa para a nossa cultura:

“É o meu grande fã! Mas, por enquanto, acho que ele ainda não sabe o quão importante foi ‘Tainá’. Ele vai entender quando ver nos livros da escola a partir do 6º ano, quando começar a estudar Amazônia e geografia. Acredito que no ano que vem, com 11 anos, ele vai ter essa dimensão.”

“Vai sair de ‘Oh, minha mãe fez um filme e todo mundo reconhece ela’. Quando ele começar a ler os livros, fazer trabalho para escola, ele vai ter a real dimensão. Mas ele é super feliz por eu ter feito o filme e acha incrível isso”, comentou.

Crise Yanomami 🆘

Frente a crise humanitária do povo indígena Yanomami, que ganhou visibilidade no início deste ano, a descendente de indígenas da etnia Baré diz ser algo “inacreditável” e que se sente “extremamente triste”, não gostando nem mesmo de falar muito sobre o assunto.

As imagens do povo sofrendo, principalmente da desnutrição sofrida pelas crianças, a faz lembrar de coisas pelas quais já passou em sua infância.

“É muita tristeza, muita dor. Em algumas situações já vi isso acontecendo. Não gosto nem de falar muito disso, porque eu me sinto muito mal. Me sinto muito mal porque as imagens que eu vi na televisão são muito fortes e eu lembro de muitas coisas que passei também na minha vida, lá atrás, com meus 4 ou 5 anos”.

Mas Eunice se mostra confiante e com esperanças na melhora da situação indígena do país nos próximos anos com o novo governo.

“Acredito que vá ser diferente. A gente tem uma ministra, uma presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), vem tudo para melhorar a vida do povo indígena. Acredito que isso que vá mudar a importância do indígena ser olhado e enxergado como povo brasileiro.”