DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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A Comissão de Saúde da Câmara de Cuiabá recebeu na manhã desta quinta-feira (27.04), a professora da Universidade Federal de Mato Grosso e coordenadora da Rede Universitária Estadual para Enfrentamento de Hanseníase, Closeny Maria Cardoso que foi convidada pelo vereador Sargento Vidal (MDB). Na reunião, a professora destacou que o Estado ocupa, há 14 anos, o 1º lugar no país o maior índice de detecção de novos casos da doença.
Closeny ainda apontou que o Brasil só perde para a índia em relação ao número de pessoas que contém a doença e que o percentual de casos de crianças com hanseníase é de 34,56%.
“Isso significa que para cada uma criança adoecida, tem no mínimo três adultos próximos a ela doentes e sem tratamento. Em Várzea Grande capacitamos 150 profissionais da atenção primária, sendo 50 agentes comunitários, 50 médicos e 50 enfermeiros. Com essa capacitação de 40h, conseguimos atender 102 pessoas em uma semana, sendo 56 diagnósticos positivos, desses, 5 crianças. Então temos hoje criança de nove anos com sequelas de hanseníase, isso é muito grave. E não conseguiremos reduzir essa hiper endemia se não somarmos forças. Me sinto honrada em estar aqui, pois sinto que essa Casa será uma força muito grande para nós, pois sem vocês que legislam, normatizam, que fazem políticas publicas, a gente não consegue caminhar”, disse a professora.
Closeny ainda pontuou que a hanseníase hoje não é mais conhecida como a doença da mancha, pois ela acomete os nervos e acaba sendo mascarada pela estática, por exemplo, caso haja queda de pelos das sobrancelhas ou cílios – sendo este um dos sintomas da madarose – os procedimentos estéticos acabam disfarçando a “falha”. Assim como as pequenas machinhas acabam sendo escondidas pelas tatuagens.
“Somente 10% da população pode ter hanseníase, pois precisa de uma predisposição sanguínea, ou seja, é hereditária. Ela é uma doença de alta infecciosa, extremamente contagiosa, mas é preguiçoso, tendo baixa patogenicidade. Então posso me contaminar hoje e demorar até 20 anos para apresentar a doença e ela é transmitida pelo espirro, sendo capaz de projetar milhões de bacilos a uma distância de 8 metros a uma velocidade de 160 km/h”, explicou.
O parlamentar, que é membro da comissão, pontuou que pretende atender ao pedido da professora e fazer a normatização referente a capacitação de profissionais da atenção primária para atendimento, identificação e tratamento da doença no município.
“Se fosse time de futebol estando a 14 anos na liderança, era muito bom, mas essa liderança Mato Grosso tem que perder urgentemente. Gostei do que a senhora falou, a Comissão tem que fazer essa normatização, apresentar na Câmara para que todos os vereadores possam aprovar e o prefeito sancione. É uma normatização necessária e, claro, aonde não tiver os enfermeiros já preparados que façam esse curso de capacitação”, disse ele.