DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
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A Expedição Fluvial Rio Cuiabá, que investiga as condições socioambientais da bacia do rio, chegou ao “Cuiabá da Larga” e ao “Cuiabá do Bonito”, que juntos formam o Rio Cuiabazinho, afluente do Cuiabá. Nesta etapa, realizada no último sábado (15), os deputados Wilson Santos (PSD) e Juca do Guaraná (MDB), ambos membros da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, verificaram a dificuldade de navegação, devido à grande quantidade de troncos de árvore caídos sobre o leito do rio; fortes corredeiras, a água barrenta e de temperatura média, ambiente propício à reprodução de peixes.
A preservação ambiental chamou a atenção dos expedicionários. Wilson Santos explicou que a condição se deve a um fator praticamente esquecido: os rios estão dentro Parque Estadual Águas do Cuiabá, criado pelo ex-governador Dante Oliveira, através do Decreto n° 4.444/2002. Uma placa informa que é “proibido caçar, pescar, extrair madeira, e outros produtos da fauna e flora […] Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/1998”.
“A preocupação do governador Dante era preservar essa região, onde estão os formadores do Rio Cuiabá”, explicou o deputado Wilson Santos.
“Foi uma experiência incrível ter participado da expedição fluvial no último final de semana. Descemos o Cuiabá do Bonito até Cuiabá da Larga e seguimos no Rio Cuiabazinho. Observei muitas ações referentes à preservação ambiental, cultural congruentes à economia e o social, isso contribui diretamente na aplicação de políticas públicas para preservação do nosso meio ambiente”, disse Juca.
Expedição Rio Cuiabá
A expedição teve início em janeiro deste ano. Do dia 16 a 20, Wilson Santos (PSD), idealizador deste projeto, percorreu 670 km do Rio Cuiabá, da barragem do Rio Manso, até o encontro das águas com o Rio São Lourenço.
No percurso, fez reuniões nos municípios de Chapada dos Guimarães (comunidade Padilha), Rosário Oeste (comunidade Acoparis e centro), Acorizal (Tenda), Cuiabá (São Gonçalo Beira Rio), Várzea Grande (Bonsucesso), Santo Antônio do Leverger (Colônia de Pescadores), Barão de Melgaço (centro e Cuiabá Mirim) e Poconé (Câmara Municipal). Levantando as condições socioambientais do rio e da população ribeirinha.
“Observamos vários problemas, como número excessivo de tablados de pesca ao longo do rio (1.300 num trecho de 670 km), despejo de esgoto in natura, descarte de resíduos sólidos, desmatamento da mata ciliar, funcionamento de 20 dragas que degradam o leito do rio e provocam desbarrancamento e a diminuição do estoque pesqueiro, sobretudo em época de piracema”, explicou.
Depois, o deputado visitou cabeceiras do Rio Cuiabá em Rosário Oeste (104 Km de Cuiabá), junto com o prefeito da cidade, Alex Berto (União). São elas: Cuiabá do Bonito (a 734 metros de altitude, a mais alta) e Cuiabá da Larga. Na região, foi verificado o avanço da agricultura e da pecuária sobre as cabeceiras.
“A soja está muito próxima às cabeceiras, isso preocupa porque se acontecer de forma desordenada pode trazer transtornos como a diminuição de água e sua contaminação. Também vimos o crescimento do plantio de arroz e o avanço da pecuária que contribuem com a degradação ambiental. Vale ressaltar, ainda, que a região será cortada por uma ferrovia que também trará impacto ambiental. Precisamos ficar alertas e em defesa do meio ambiente”, disse o parlamentar.
“Não sou contra o desenvolvimento, mas queremos que ele aconteça com sustentabilidade. Afinal de contas, essa é uma região sob o ponto de vista ambiental muito frágil. Aqui estão as cabeceiras do Rio Cuiabá, nosso principal patrimônio e provedor de água para toda população da baixada Cuiabana”, completou.
A expedição conta com apoio da Marinha do Brasil, SEMA, UFMT, prefeituras e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá. Um relatório preliminar já foi debatido em audiência pública na Assembleia Legislativa. Os resultados finais serão relatados em um documento a ser entregue às autoridades ambientais do estado, Ministério Público e Poder Judiciário.
Todo este trabalho vai resultar na criação da Associação em Defesa do Rio Cuiabá e do Pantanal de Mato Grosso. A primeira reunião já foi feita com todos os participantes da Expedição e outras pessoas ligadas ao meio ambiente. A primeira ata foi elaborada e agora resta o registro e a escolha da primeira diretoria.
“Nosso objetivo é defender o meio ambiente, como foco nas ações de defesa do Rio Cuiabá e do Pantanal Mato-grossense. A associação será formada por especialistas, mestres e doutores e outras pessoas que amam, se preocupam e trabalham na defesa dos nossos bens naturais. Esperamos, em breve, que a associação já tenha suas instalações”, explicou Wilson Santos.
“Quero lembrar que a próxima etapa está marcada para o dia 13 abril, quando vamos continuar descendo o rio Cuiabazinho a partir do município de Nobres até seu encontro com o rio Cuiabá. Depois, na época da seca, faremos todo o percurso feito até aqui para verificar as diferenças ambientais decorrentes do clima. Este trabalho trará um manancial de informações para que possamos defender nosso patrimônio natural”, concluiu o deputado.