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Três anos após participar do The Voice Brasil 2020, IZRRA tem experimentado a liberdade. Do menino tímido que cresceu frequentando a igreja na Baixada Fluminense ao artista potente que canta seus amores, o cantor vai florescendo para o que ele mesmo chama de “fluidez”.
“Viver a minha liberdade é muito importante, porque me ajuda a me sentir mais confiante. Sempre tive essa fluidez, só que em um lugar mais contido. E a música trouxe esse poder na minha vida, de me mostrar e viver a minha vida de verdade. Me trouxe também todo esse amadurecimento, da liberdade, da homoafetividade que poucas pessoas sabiam. É a minha história, eu que estou contando e vivendo”, enfatiza.
E viver, para ele, é resultado de uma combinação de conquistas, realizações e muitas quebras de barreiras.
“Comecei cantando, desde pequeno, na igreja. Quando você está ali, naquele caminho, você tem outro pensamento sobre tudo. E, desde o momento que participei do The Voice, sinto que sou uma pessoa mais realizada comigo mesmo. Dos meus desejos, das minhas vontades, dos meus relacionamentos. Tenho quebrado essas barreiras”, afirma.
Amor de carnaval
E a realização o acompanha em todos os sentidos. Da relação com o ator Ícaro Silva, que IZRRA não chama de namoro e prefere definir como “um lugar do carinho e do amor”, o cantor acredita que pode servir de inspiração para quem lhe enxerga como igual.
“Existe esse lugar do carinho e do amor que a gente sente um pelo outro. O Ícaro é uma grande referência na minha vida, não só porque a gente tem uma relação. Mas de mostrar que dois homens pretos se amando, se beijando, pode acontecer. Tanto ele quanto eu, a gente usa nossa relação para inspirar outros garotos como nós. Ele já passou por isso, eu também. A gente está se dando a oportunidade de mostrar algo diferente”, diz.
Os dois se conheceram em 2021, quando IZRRA participou de uma peça estrelada por Ícaro, mas os dois só foram se beijar mesmo em um Carnaval: “E a gente foi ficando. A gente começou a se olhar com respeito, sendo duas pessoas pretas se amando. Na maioria das vezes, quem é de fora, não vê com esse olhar. Mas quem é preto vai entender que são duas pessoas que se amam e que se respeitam.”
O poder da música
Em seu primeiro álbum, “Coisas de Amor”, lançado em 2022, IZRRA se viu tendo a oportunidade de curar suas dores e transformar tudo em música. Para, assim, a música o transformar.
“‘Coisas de Amor’” foi um álbum que me curou dos sentimentos ruins, da masculinidade tóxica, dos preconceitos. E eu nunca imaginei que ia ser curado através das músicas. Hoje, entendo que eu não canto para curar, eu canto para ser curado. Entendi também que não preciso da aceitação de ninguém, só preciso de respeito. É a minha única exigência”.
“Sou um cara preto, periférico, e na maior parte da minha vida passei por situações de racismo, de preconceito. Através da minha música estou quebrando essas barreiras e isso vem me ajudando muito. Também me ajudou muito a ser quem eu sou de verdade, a trazer a minha vivência para a minha música. Até porque, um artista não consegue fazer nada se ele não for ele mesmo. A liberdade me fez alcançar esse lugar”, diz.
Olhando para frente
Já planejando os próximos passos de sua carreira, o garoto que viralizou cantando Jorge Vercillo, chegou à final do The Voice e brilhou no palco de um dos maiores festivais do mundo, o Rock in Rio, Izrra sonha alto.
“Quero fazer uma turnê, rodar pelo Brasil. Estou disposto também a viver outras experiências. Tenho pensado muito em atuar e quero começar novos projetos no audiovisual, porque é um sonho. Mas continuar fazendo música, porque ela vai estar sempre em primeiro lugar na minha vida. E são coisas que, ao longo do tempo, eu vou descobrindo”, conta.
E finaliza: “Sou um cara muito novo, tenho 26 anos. Acredito que a vida é um processo e quando você entende, vai descobrindo coisas novas. Fico feliz com essas mudanças, porque elas têm me permitido ser quem eu quero ser.”
