Demorou, mas Tite tem uma sombra na Seleção

“Ninguém tem dúvidas de que é uma das melhores do mundo, tem os melhores jogadores e um excelente técnico.

“Estou fazendo meu trabalho no Flamengo. Vim com o objetivo esportivo no Flamengo. Não sei se vou alcançar, já estive mais longe.

“E esse é o meu foco.”

Jorge Jesus disfarçou.

Não quis responder de maneira direta à pergunta se aceitaria comandar a Seleção Brasileira, ontem, após a décima vitória em onze jogos nos últimos jogos do líder Flamengo. Após vencer o acovardado Atlético Mineiro no Maracanã, o treinador foi mais uma vez saudado pela torcida.

O coro de “Mister, Mister, Mister”, dominou o estádio. Mas Jorge Jesus não se ilude. Sabe que, por enquanto, a xenofobia impera na CBF.

Rogério Caboclo segue a tradição dos presidentes da entidade. Seleção é para treinador nascido no Brasil. Só que, com três apenas no país, o comandante português do Flamengo está conquistando corações e mentes.

Além de liderar o Brasileiro, o clube definirá no Rio de Janeiro se disputará o título da Libertadores. Na semifinal com o Grêmio tem o direito até de empatar em 0 a 0.

Caso confirme a conquista do Brasileiro e da Libertadores, situações muito possíveis, ele se torna uma sombra enorme para Tite.

A maneira moderna, corajosa, muito bem treinada, organizada, impressiona. Não é nem sombra do time confuso,inseguro nas mãos de Abel Braga.

Jorge Jesus está indo muito além do que a própria diretoria flamenguista esperava. A sua adaptação ao futebol brasileiro foi fulminante.

Assim como a imposição de suas ideias modernas, utilizadas por grandes clubes europeus. O Flamengo vem jogando um futebol impressionante, ofensivo, envolvente. Com intensidade, marcação à frente, domínio de bola.

O time mostra o melhor futebol deste país. Bem ao contrário da Seleção Brasileira, que segue decepcionante.

A perspectiva das conquistas e seguir tendo a maior torcida de um clube neste país podem fazer com que o português renove seu contrato. O término dele é em junho do próximo ano.

Jorge Jesus combinou assim porque é quando se inicia a temporada europeia. E como ele não tinha a menor certeza do que aconteceria no Flamengo, quis se prevenir.

Farra do Flamengo contra o acovardado Atlético Mineiro. Oito pontos de vantagem

As Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 começam em março. O Brasil segue jogando mal. Ganhou a Copa América, em casa, sofrendo. Ficou duas partidas no 0 a 0, diante da Venezuela e Paraguai. Decidiu seu futuro nas quartas de final nos pênaltis, contra os paraguaios. Alisson salvou o time.

O Brasil que mostrou futebol instável no torneio sul-americano, só piorou nos amistosos. O fracasso na Copa da Rússia não foi esquecido.

Além da falta de rumo tática do time de Tite, situação gravíssima, há outro ponto que os discretos defensores de Jorge Jesus insistem: Neymar.

Com o rígido português, o jogador não seguiria sendo oportunista, exigindo privilégios por ‘carregar o time nas costas’, de acordo com suas próprias palavras.

Jorge Jesus não seria tão dependente, submisso como Tite. Até mesmo a cúpula da CBF, principalmente Rogério Caboclo, não estão felizes com o tratamento diferenciado exigido por Neymar.

Caboclo, aliás, está percebendo como é bom ‘tirar a cabeça do buraco’. Diante do cenário pobre de treinadores de futebol feminino, ele investiu em Pia Sundhage.

O fato de ser sueca não pesou e sua extrema competência está se evidenciando na preparação do Brasil para a Olimpíada.

Não houve protesto, desfile militares, invasão à CBF por uma estrangeira comandar o futebol feminino.

Caboclo cansou de dizer entre seus parceiros mais próximos que o técnico tinha de ser Tite porque não há outros ‘nem próximos’ no Brasil. Não leva em consideração Renato Gaúcho, Mano Menezes, Felipão, Cuca, Tiago Nunes.

Mas Jorge Jesus chegou como uma inesperada surpresa.

Caboclo perdeu o medo da xenofobia com  a sueca Pia Sundhage

E ao contrário do que previa, por exemplo, Muricy Ramalho que um treinador europeu não se adequaria ao calendário brasileiro, o técnico flamenguista tem ido além.

Não só se adaptou como está mostrando ser uma falácia a obrigatoriedade do mais profundo rodízio na disputa dos principais campeonatos.

O Brasileiro já está nas mãos do Flamengo. Oito pontos de vantagem, faltando apenas 12 rodadas. O time está na semifinal da Libertadores, decidindo a vaga à final em casa.

Campanha impressionante. A ideia é prematura.

Sem medo de cobrar as estrelas. Com ele, Neymar seria 'mais um'

Radical. Mas Tite que se cuide. Pela primeira vez, desde 2016, ele tem uma sombra no comando da Seleção Brasileira. Ela é portuguesa…

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