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VINÍCIUS BRUNO

A benção, ancestrais!

Divulgação

Os ancestrais são nosso sustento. E essa relação que nossos antecessores mantêm conosco vai muito além da memória. Quando temos uma relação sadia com nossos ancestrais podemos desfrutar de seu auxílio nos desafios do cotidiano.

O mundo espiritual nos ajuda o tempo todo. E essa intervenção é na maioria das vezes muito sutil. Infelizmente, muitas vezes, nosso imediatismo faz querer buscar uma manifestação espetaculosa da força de nossos amigos espirituais.

Vivemos na era do espetáculo, das imagens, dos sons, das cores e das sensações, e isso nos leva ao risco de esperar o mesmo de Deus e da grande comunidade espiritual que nos auxilia.

A fantasia dos cinemas também trouxe uma ideia fantasmagórica dos espíritos como seres que assombram, perturbam ou a ideia romantizada baseada em histórias de amor além da vida. Não que isso não aconteça na vida real. Contudo, quando falamos dos ancestrais como auxiliadores devemos compreender que são discretos em sua atuação e suas bênçãos também se manifestam de forma peculiar, mas sempre bondosa e generosa.

No Candomblé, o culto aos ancestrais é um pilar. Sempre recorremos a eles para nos ajudar em questões embaraçosas da vida, ou quando estamos passando por problemas de saúde ou qualquer outro tipo de sofrimento. Também celebramos sua existência e agradecemos quando obtemos conquistas que pareciam improváveis.

O entendimento é que eles já viveram as nossas dores, aflições e alegrias, e com essa experiência conseguem nos dar conselhos oportunos e eficazes.

Essa relação com os ancestrais remonta aos tempos antigos. Uma das vertentes mitológicas do povo Iorubá aponta que o Orixá Xangô teria sido o primeiro a homenagear e a venerar seus antepassados, criando o conhecido culto aos Egunguns, uma forma que teria encontrado para honrar seu pai após a partida para o Orun (Céu), e aí estaria a fonte para a determinação e sabedoria de Xangô para governar seu reino com prosperidade.

Egun são espíritos e Egungun são os ancestrais veneráveis, que de alguma forma alcançam mérito em sua comunidade/família e passam a ser reverenciados de forma especial com festividades muito populares em alguns países africanos e em algumas casas de Candomblé no Brasil.

O culto aos ancestrais está presente em diversas religiões. Na Umbanda, os ancestrais se manifestam por meio da incorporação, e assim é possível ter a presença dos caboclos (espíritos de indígenas), pretos-velhos (espíritos de homens e mulheres negres escravizades), crianças, boiadeiros, marinheiros, baianos, ciganos, exus e pomba-gira.

Podemos encontrar nas comunidades indígenas uma forte relação com seus parentes já falecidos. No catolicismo a devoção aos santos é uma demonstração importante dessa sintonia, assim como datas como a dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados, além de ritos como a Missa de Exéquias (antes do sepultamento) e a de Sétimo Dia, uma semana depois do sepultamento. Em outras vertentes religiosas, os ancestrais também estão presentes, são venerados e admirados, e é possível encontrar bonitas manifestações de carinho por meio do oferecimento de flores, alimentos e elementos que possam refletir essa relação de respeito e continuidade.

Cultuar os ancestrais é uma benção, pois alinha o passado com o presente e o futuro, permitindo que tenhamos um caminho mais assertivo, mais sereno e abençoado. Se pedimos as bênçãos dos espíritos encarnados (pais, mães, avós, tios, madrinhas, padrinhos), por que não pedirmos as bênçãos aos espíritos desencarnados, mas que continuam convivendo conosco?

Agradecer nossos ancestrais é simples: dizer um muito obrigado já é um grande gesto de respeito e amor. Não esperamos e nem exigimos deles, nossos antecessores, a perfeição, essa só compete a Olodumaré, o Grande Deus Criador, o Arquiteto do Universo. O que devemos querer é a ajuda para o bem, para uma vida plena, feliz e com progresso.

Pelo dia de hoje e para sempre, peço a benção aos meus ancestrais!

Vinícius Bruno é jornalista.

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