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A diferença de ser silenciada e ter o silêncio como resposta

Use o silêncio a seu favor, recomenda a autora
Pixabay

Use o silêncio a seu favor, recomenda a autora

Ser mulher não é fácil no Brasil. Em um país que ainda busca garantir direitos iguais, é comum que mulheres sejam silenciadas e diminuídas por seu gênero. Isso impede que muitas tenham a própria voz, causando, muitas vezes, medo e conformidade que sustentam a sociedade patriarcal. No entanto, o silêncio, quando bem utilizado, pode ser uma forma de empoderamento e afirmação.

O silenciamento costuma vir do medo da reação ou de serem julgadas pelas pessoas ao seu redor. Para se ter noção, uma pesquisa feita pelo Datafolha revelou que 52% das mulheres que sofreram alguma agressão no último ano ficaram caladas, o número assusta e prova a dificuldade passada por mulheres para serem escutadas.

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A diferença que deve ser entendida é que o silêncio não é sempre negativo e pode ser valioso para deixar claro as intenções de uma conversa. O silêncio é um elemento importante na argumentação. E, ao delimitarmos o que não sabemos – os nossos “não sei” -, temos também que lidar, mais uma vez, com o silêncio – que é mais multifacetado do que aparenta ser.

Evite ser silenciada e se previna

O primeiro passo é entender que o silêncio deve ser uma atitude que vem da pessoa, assim é necessário pensar em como superar o silenciamento. Ser ignorada é especialmente difícil para uma pessoa isolada pelo abuso e controle, e que depende da aprovação do agressor para se sentir segura e valiosa. Então quando dizemos que “quem cala consente”, não levamos em consideração situações em que aquele que se cala está numa situação de vulnerabilidade.

Para a mulher evitar ser silenciada, é fundamental que mantenha uma rede de confiança, com pessoas que estarão lá quando for necessário. Não é bom contar com apenas uma pessoa, que pode ter pensamentos enviesados. Manter relacionamentos em comunidade, seja com familiares, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho, dará a você o senso de que você importa, que tem com quem contar e não depende de abusadores. Em um primeiro momento, se você não encontrar pessoas assim no seu entorno, continue a sua busca – em vários lugares, on-line ou off-line, há grupos de pessoas dispostas a te ouvir.

Quando necessário, busque ajuda profissional, eles podem ajudar a enxergar seu lado sem pré-julgamentos e com profissionalismo. Um(a) terapeuta, em especial que entenda de controle e abuso, pode te ajudar. Não precisa ter vergonha. Pelo contrário, é um passo crucial para não só sair de uma relação abusiva, como também cuidar das suas feridas e evitar cair em novas ciladas.

Caso não haja mais alternativas, pode ser o momento de encerrar um relacionamento que tenha como base o silenciamento. Você não precisa permanecer em uma relação em que alguém é mau ou cruel seja por meio de tratamento silencioso, e abuso verbal ou outros tipos de humilhação. O término do vínculo com essa pessoa é sempre uma saída a ser considerada. Se for uma situação de trabalho, considere dar um feedback explícito para a pessoa ou denunciar ao RH. Se nada for feito, avalie possibilidades de emprego em empresas com uma cultura organizacional saudável.

Use o silêncio ao seu favor

O silêncio, no entanto, também pode ser uma arma de argumentação, uma possibilidade para reverter a situação através dessa simples técnica comunicacional. Há dois tipos de silêncio. Às vezes, ao não proferir uma palavra, você pode estar aceitando ou recusando alguma coisa. Por exemplo, quando presos políticos ficam em silêncio, recusando-se a denunciar seus companheiros, eles protestam sem emitir uma única palavra. Nesses casos, o silêncio é uma forma de se posicionar.

A comunicação, um dos mecanismos mais importantes do ser humano, é a sua maneira de demonstrar sentimentos e definir limites à sua forma. Para isso, é necessário que cada um tenha controle sobre seus hábitos comunicacionais. Por outro lado, a comunicação também é um sistema de sobrevivência. Escolhemos falar porque queremos nos proteger, nos sentir confiantes, dividir ideias, lutar por direitos e veicular nossos desejos. Nesse sentido, a fuga para a comunicação é a fuga para a liberdade; e o silêncio, a morte simbólica.

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Por fim, pense nas suas opções e lembre-se de usar o silêncio a seu favor. A partir disso, podemos pensar que existe o silêncio como escolha (que pressupõe um sujeito ativo), o silenciamento (sujeito passivo, que é calado) e o tratamento de silêncio. E é muito importante que a gente não coloque tudo no mesmo cesto.

Fonte: IG Mulher

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