https://matogrossomais.com.br/wp-content/uploads/2024/03/0717d752c7d0e05eea99092d09395d3d.jpg

ALMT - Posto TRE - Abril

HMC CUIABÁ

Mãe relata emoção após doar coração da filha: “ver outra mãe feliz”

DA REDAÇÃO / MATO GROSSO MAIS
[email protected]

HMC

Ediliane Fomes Pelinson estava com os olhos brilhando de lágrimas enquanto médicos e enfermeiros atravessavam o corredor da ala pediátrica do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) com o coração de sua filha, de apenas 3 anos, que acabara de ser doado para outra criança que aguardava em um hospital em São José do Rio Preto, em São Paulo. A doação ocorreu na última sexta-feira (8).

“O meu olho brilhou de alegria e de tristeza, mas hoje quando lembro dela eu lembro de outra família feliz e fico muito feliz também”, diz a mãe ao rememorar o dia em que médicos vieram de voo fretado para buscar o coração da filha no HMC. “A minha filha era uma criança carinhosa, brincalhona e esperta, enchia o meu coração de alegria, por isso eu também queria ver outra mãe feliz”, diz Ediliane.

Esta é a primeira vez que o HMC faz a captação de órgão de uma criança para doação, algo ainda raro e que só foi possível por conta da estruturação da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), composta por 77 membros. Ao todo, esta foi a terceira doação realizada em 2024 graças ao trabalho destes profissionais.

Clique e entre no nosso grupo do WhatsApp do Mato Grosso Mais e receba todas as notícias na sua mão.

Siga-nos também no Instagram e acompanhe nossas atualizações em tempo real.

Após a identificação do paciente, os profissionais da comissão realizam entrevista. Em seguida, se os pais concordarem com a doação, é feito o procedimento de busca por um paciente que possa receber o órgão doado. A qualquer momento antes da extração do órgão, a família pode desistir do procedimento.

Algo que não passou pela cabeça de Edilaine. Segundo ela, a dor do luto foi aplacada pela felicidade de ver a filha ajudando outras pessoas. Ela conta que, se a família que recebeu o coração a procurar, só vai pedir que a mãe abrace o filho dono de um novo coração, que eles sejam felizes e que aproveitem cada momento.

“Ontem eu estava em oração e minha filha falou comigo, eu vi que ela estava em um lugar muito bonito, e ela me dizia ‘mãe estou aqui, estou ajudando’”, conta. “As pessoas agem como se não existisse amor nesse mundo, mas existe, devemos pensar mais nos outros, o nosso corpo é algo material, quando morremos o espírito já subiu”, completa Edilaine.

Doação De Órgãos

A comissão realiza o acompanhamento de pacientes que tenham sofrido morte encefálica, possibilitando a doação de órgãos. Nesses casos, são realizados diversos exames para comprovar o diagnóstico de morte encefálica, o que é um sinal de bom funcionamento dos demais órgãos do corpo.

Em seguida, é feita a entrevista com a família. Um representante da comissão chama familiares em uma sala reservada e, com o aval dos pais, é iniciado o procedimento, que consiste na busca por um receptor do órgão.

Foi a enfermeira Lelia Cristina Minelli Penna, coordenadora do setor de UTI Adulta e integrante da comissão, que realizou a entrevista com a família. O acompanhamento é essencial para que a família entenda a importância da doação e o funcionamento de todo procedimento.

“A informação sobre quem é o receptor é sigilosa, a única coisa que nós recebemos como informação é para onde foi e qual a idade do receptor”, explica Lelia.

Quem também participou do processo foram Rosenil de França Magalhães, coordenadora do setor de UTI Infantil, e Daniela Babata, responsável técnica pelo Setor Assistencial do HMC, ambas integrantes da comissão. Elas contam que a reorganização da comissão dentro do HMC foi essencial para que a doação ocorresse.

“O mais difícil, em muitos casos, é conseguir receptor compatível em tempo hábil, não se pode aguardar muito tempo. No caso desse doador em específico foi um período de espera de três dias em que conseguimos manter boas condições, algo que foi elogiado pelo médico que trabalhou no transplante em São Paulo”, contou Rosenil.

“Essa celeridade é necessária inclusive para evitar a aflição da família doadora”, explica Daniela Sayuri Babata. “A equipe do laboratório precisa ser rápida, a tomografia precisa ser rápida, é uma engrenagem que precisa funcionar”, afirmou Daniela.

Ao longo de 2023, 14 pacientes tiveram o protocolo de morte encefálica fechado, desses apenas em três casos as famílias aceitaram doar. Ocorreram, nesses casos, doações de rim, fígado e de córneas.

Em 2024, já são 5 pacientes com morte encefálica confirmada, dessas três famílias aceitaram a doação. Nesses casos, foram doados, rins, fígado, coração e córneas.

Veja Mais

Deixe seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO

  • 13 de março de 2024 às 13:11:56