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A gari Ketlly Cristina da Silva, de 25 anos, que concluiu o curso de direito após enfrentar muitos obstáculos, e agora é bacharel em direito, ingressou na Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), na última sexta-feira (24), em Cuiabá.
Ela tem 25 anos, se formou há um mês, no dia 23 de agosto, e é a primeira da família a ter diploma de curso superior. Ketlly é filha de uma diarista e tem dois irmãos, uma manicure e um servente de obras.
O pai de Ketlly morreu no presídio, quando ela tinha apenas 4 anos de idade, e surgiu daí desejo de estudar direito, porque a mãe criou os filhos, sozinha, com a renda das faxinas, sem respaldo do estado. Porém jamais pensou que conseguiria chegar ao ponto de poder realizar o sonho.
Sem dinheiro para custear o transporte até a faculdade, ela conta que ia todas as noites de bicicleta, andando mais de 10 km diariamente.
“Trabalhava e estudava. Não tinha dinheiro para transporte, então ia de bicicleta para faculdade. Não tinha dinheiro para o lanche, nem para material didático, mas ia me virando, não foi fácil”, relatou Ketlly, que agora se prepara para o Exame da Ordem.
A bacharel afirma que com a oportunidade de ingressar na comissão, poderá ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade, que muitas vezes não têm informação.
“A informação mudou minha vida”, relata.
A história de superação de Ketlly repercutiu. Após a reportagem da TV Centro América, chegou o convite para ingressar na comissão, o convite para ocupar um cargo na Procuradoria Municipal de Várzea Grande, além de outros convites e ajudas.
“Pessoas manifestaram o desejo de me ajudar com livros, como o Vade Mecum. Eu não tinha dinheiro para pagar a prova da OAB, e uma outra pessoa que também está estudando para a prova pagou a taxa de inscrição para mim e me ajudou com livros. Também recebi ajuda para pagar parte do financiamento da faculdade”, conta.
Ketlly relata também que está sendo muito especial servir de motivação para outras pessoas. Ela conta que está estudando para a prova da OAB e que, futuramente, pretende fazer concursos na área do direito.
A jovem relata que sente que a vida dela está melhorando.
“Com todo respeito aos garis, essa profissão é muito dura, trabalhar no sol quente, como braçal, na insalubridade. Então, avalio que minha vida está melhorando”.
A bacharel é casada, mãe do Isaque, de 10 meses, que é sua grande inspiração. O marido de Ketlly, que trabalha como repositor em um supermercado, também está animado para fazer faculdade, ainda não escolheu o curso.
O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, Flávio Ferreira, que fez o convite para Ketlly, entende que com a experiência de vida dela pode colaborar e muito com os serviços prestados pela OAB-MT à sociedade.