O Flamengo vive crise de confiança e isso está exposto em semblantes após fracassos e no repetido discurso “de que é preciso fazer mais”. Internamente, os atletas têm admitido o quanto cada ataque adversário provoca intranquilidade em toda a equipe. E curiosamente nos quatro confrontos “à vera”, os que valeram alguma coisa de fato em 2023, o time foi superado em finalizações.
Apesar de ter marcado nove gols no recorte citado anteriormente – contra Palmeiras (3×4), Al Hilal (2×3) e Al Ahly (4×2), o time pouco machucou o adversário. Foram apenas 39 finalizações no quarteto de duelos decisivos da temporada: 12 diante dos paulistas, 10 contra sauditas e egípcios (cada) e apenas sete no confronto disputado na terça-feira de Carnaval.
Na derrota por 1 a 0 para o Independiente del Valle, o Flamengo sofreu um verdadeiro bombardeio: segundo o scout da TV Globo, foram 25 finalizações dos equatorianos.
Bola queimando no pé dos rubro-negros
Chamou atenção também a posse de bola do Flamengo em Quito: 43%. Por repetida vezes no segundo tempo, os rubro-negros rifavam a saída, ora em tentativas de ligação direta ora em simples erros de comunicação, por exemplo.
Em entrevista após a vitória sobre o Al Ahly na disputa do terceiro lugar do Mundial de Clubes, vitória esta aliás conquistada com atuação bem abaixo do esperado, Gabigol sugeriu exatamente a posse de bola como um caminho para o Flamengo atenuar esse momento total instabilidade defensiva.
– Acho que é como um todo, não é só a parte de trás. É também a parte da frente. Dependendo do time que a jogue contra, a gente tem que ajustar melhor isso. Na minha opinião, um jeito de marcar menos é ter mais a bola. Ter a bola, trabalhar de um lado para o outro, como já fizemos em alguns momentos, e vamos poder sofrer menos – afirmou o camisa 10 no último 11.
Não só na primeira partida da Recopa Sul-Americana o Flamengo foi tímido na posse de bola. Contra Palmeiras, Al Hilal e Al Ahly teve 57%, 55% e 50% respectivamente. Ou seja, em nenhum desses jogos conseguiu colocar rivais na roda, algo que fez em boa parte das temporadas pós-2019.