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Delator revela que ex-deputado mandou barrar “bombas”

Em sua delação premiada firmada junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-secretário estadual de Educação, Permínio Pinto (PSDB), detalhou como era sua rotina enquanto operador financeiro de caixa 2 do ex-deputado federal Nilson Leitão (PSDB). Segundo o delator, o líder tucano foi o responsável por sua indicação para comandar a Seduc na gestão do ex-governador tucano Pedro Taques.

Detalhes dessa relação, cujo interesse de Leitão, segundo o delator, era desviar dinheiro da Educação para pagar dívidas de campanha e despesas pessoais, foram divulgados em reportagem da TV Centro América, afiliada da Rede Globo, nesta quarta-feira (22). No acordo de colaboração, que continua sob sigilo judicial, Permínio afirma que foi responsável por buscar diversas remessas em dinheiro de caixa 2 no Grupo Queiroz Galvão, em São Paulo, para quitar gastos do ex-deputado federal e também para repassar uma parte para deputados estaduais do PSDB, então candidatos nas eleições de 2014.

Conforme o delator, a relação de Nilson Leitão com a empresa dona da CAB Ambiental, que já foi responsável pelo serviço de abastecimento de água em Cuiabá, começou entre 2009 e 2010, período em que o tucano ficou sem mandato. Na época ele então prestou consultoria à empresa para ajudar nas licitações e serviços de saneamento e água em vários municípios de Mato Grosso e teria ajudado a CAB Ambiental a vencer a licitação em Cuiabá.

Leitão teria dito a Permínio que ainda tinha R$ 500 mil para receber da empreiteira. Em 2010, Leitão foi eleito deputado federal e ao iniciar o mandato no ano seguinte nomeou Permínio Pinto como assessor em Brasília (DF).

O delator contou que em junho de 2013 foi a São Paulo receber R$ 150 mil em dinheiro vivo que foi depositado em sua conta pessoal em seguida. Permínio revelou ainda que usava duas contas exclusivamente para pagar despesas de Nilson Leitão.

Disse que foi a São Paulo em pelo menos quatro vezes para receber, no total, mais de R$ 400 mil do Grupo Queiroz Galvão. O delator revelou que enviava dinheiro para amigos, advogados, jornalistas e empresas que prestaram serviços na campanha eleitoral de Nilson Leitão.

Na delação, o ex-secretário declara ter recebido 10 depósitos desconhecidos que somaram mais de R$ 240 mil e quando perguntou a Nilson Leitão do que se tratava ouviu que eram doações não declaradas feitas por pessoas que não queriam aparecer. Permínio Pinto foi preso em julho de 2016 na 2ª fase da Operação Rêmora deflagrada inicialmente em 3 de maio daquele ano pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) para desarticular um esquema de fraudes em pelo menos 23 licitações orçadas inicialmente em mais R$ 56 milhões. O objeto das licitações eram obras de reforma e construção de escolas estaduais.

VISITA DE ADVOGADO

No esquema, empresários interessados eram “convidados” a integrar um cartel para vencer as licitações e pagar propina entre 3% e 5% para o grupo composto por servidores da Seduc, políticos e empresários. Enquanto estava preso no Centro de Custódia da Capital, Permínio Pinto teria recebido a visita do advogado Marcelo Segura que queria saber se ele tinha intenção de fazer um acordo de delação premiada.

Conforme o delator, o advogado trabalhava para Nilson Leitão que estava preocupado com o risco de todo o esquema ser revelado e fazia de tudo, juntamente com Taques, para tentar “blindar e abafar” o acordo de colaboração. E, de fato, Permínio topou fazer acordo de delação premiada e foi retirado do CCC passando a cumprir prisão domiciliar em dezembro de 2016.

Na delação ele também denuncia que o então governador Pedro Taques tinha pleno conhecimento do esquema de corrupção dentro da Seduc. O tucano, derrotad nas urnas em 2018 quando tentou ser reeleito governador, nega todas as acusações.

Depois que a delação de Permínio vazou para a imprensa em abril deste ano, ele e o ex-governador Pedro Taques passaram a trocar farpas pela imprensa, cada um acusando o outro de ter vazado o documento.

OUTRO LADO 

Wilson Santos nega ter recebido dinheiro ilícito para campanha de 2014 e afirma ter declarado à Justiça Eleitoral que gastou na campanha R$ 23 mil. O conselheiro Guilherme Maluf foi procurado pela emissora e negou a denúncia por meio da assessoria de imprensa. Disse que nunca usou recursos ilegais em suas campanhas e vai provar sua inocência. Por outro lado, Carlos Avalone, Nilson Leitão e o Grupo Queiroz Galvão não responderam às ligações da emissora.

Veja a reportagem da TV Centro America 

 

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