O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mato-grossense Gilmar Mendes, reagiu à entrevista dada pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, à Veja, de que em maio de 2017 entrou armado no STF com a intenção de matar Mendes. A reportagem foi publicada na noite desta quinta-feira (26) no site da revista. (Leia mais aqui).
Gilmar Mendes divulgou nota à imprensa onde lamentou ter conhecimento do plano de Janot em planejar o seu assassinato dentro da mais alta corte de Justiça do país.
O ministro ainda alfinetou Janot sobre o episódio.
“Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer”, diz trecho da nota.
VEJA NOTA NA ÍNTEGRA
Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.
O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.
Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.
Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da corte constitucional do país.
Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.
Acho que nada precisa ser acrescentado.